segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Caminhos da Profissão e da Profissionalidade docentes


Aula do dia 4/5/2010 que teve como base o texto “Caminhos da Profissão e da Profissionalidade docentes”, de Menga Liolka e Luiz Alberto Borng

Caminhos da Profissão e da Profissionalidade docentes

O texto reflete sobre o franco processo de precarização do trabalho docente no Brasil problematizando a docência enquanto profissão institucionalizada e a dicotomia no que se refere à autonomia.
O senso comum costuma apresentar certa nostalgia em relação à escola de antes vendo o presente a perda do prestígio do professor, seu baixo poder aquisitivo, insatisfação e falta de realização pessoal e profissional. O texto cita estudiosos sobre a temática da desprofissionalização do magistério na França, a saber, Isambert-Jamati, Claude Dukar, Boudoncle, Cogan & Barber, Goode, Joly Gouveia, Shcaffel, Medano, Maurice, etc.
O tom sagrado da profissão docente de outrora desapareceu e uma das razões seria falta de uniformidade da base ideológica de conceituação da profissão, que adquiriu o viés neutro de um saber puramente técnico e desvinculado do papel social.
A subordinação ao Estado empreende limites à profissão docente, atolada em sua burocracia desmedida, em suas estatísticas factóides que não dão a real transparência dos níveis de qualidade (sempre mascarados).
Os investimentos em educação em termos materiais demonstram certo empreendimento que não corresponde em nível humano (quanto ao consumo).  O processo de identificação do professor com sua carreira passa necessariamente pelo modelo de competência , do ‘saber, saber fazer, saber ser’ onde a educação é uma relação de serviço cliente= aluno, fornecedor= professor. É um movimento generalizado o de crise de identidade profissional.
Fatos que podem aclarar esse processo de desprofissionalização da docência é o fato de a ocupação feminina ser majoritária nesse setor, o que corroborou para sua desqualificação (‘semi-profissão’). Somado a isso, a falta de uma organização sindical mais efetiva, de uma homogeneização ética e de conduta faz dos professores uma categoria fraca.
O trabalho docente hoje conta com novas tecnologias (TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação) de universalização do ensino superior e à distância (que minimiza a mediação do professor), programas de crédito educativo e bolsas integrais inclusive de pós-graduação. Mas todo esse aparato, por mais contraditoriamente que parece, não trouxe excelência na formação do professor, que demonstra ainda escassa habilidade para lidar com os desafios da contemporaneidade.
O texto aponta caminhos para uma questão relevante que é a da nomenclatura, ou seja, a polissemia que circunda os vocábulos relacionados à docência. Por exemplo, competência, profissionalidade, profissionismo, profissionalismo, profissão docente, saber docente.
O texto conclui-se com as seguintes sugestões para reflexão: Faz-se necessário um recuo histórico que deixe claro o processo de precarização da educação, em todas as suas fases. Segundo os autores do texto, a classificação da docência como profissão não se aplica completamente, dada a crise de identidade por que passa o ser humano em todas as localidades da Terra. Esta consiste a maior causa da precarização da educação.  Devemos trabalhar para fazer vigorar competências coletivas, construída a partir de modelos operacionais e de ação cujo operador coletivo seja engajado na mudança propondo modelos inéditos.
Os autores defendem que o uso do termo missão dá uma dimensão mais bem sucedida para a ‘profissão’ docente. O professor é um mediador, é o herdeiro, crítico, e intérprete da cultura, é o que dá a dimensão contínua de preparação e interpretação da realidade. A escola é o local privilegiado para transmissão dessa cultura.
Parceria e pesquisa são elementos capazes de mobilização no enfrentamento dos desafios dos nossos dias. Pesquisas próprias visando os problemas imediatos da comunidade a que pertencemos associadas às suas respectivas práticas darão novas perspectivas rumo à profissionalização de que tanto necessitamos, que contribuirá consequentemente para a valorização do professor.

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